A experiência humana
tem indicado, ao longo de milênios, que a marca da insatisfatoriedade, uma
constante na vida de qualquer pessoa, pode converter-se em excelente guia para
uma existência mais significativa. Como podemos definir o conteúdo daquele
termo, o qual poderia, grosso modo,
equivaler a “desejo”? Por um lado, aliada à noção de que a realidade externa ao
indivíduo assim como seus conteúdos internos estão em inexorável transformação,
deve-se perceber também que nossa mente, a todo o momento e incansavelmente,
fica “exigindo-nos” mais e mais, ou, em outras palavras, há um fluxo constante
de desejos que, por não serem “satisfeitos”, nos dá a sensação de que “algo
falta”, ou seja, há uma inequívoca insatisfação.
Várias seriam as
razões pelas quais tal estado insatisfatório se estabelece e que às vezes é
generalizado, permeando todos os aspectos da vida de uma pessoa, seja na
profissão, nos relacionamentos amorosos, entre outros. O que (nos) leva a essa
constante noção de “falta”, “ausência” ou “não completude”? Recentemente, uma
grande rede de supermercados apresentou um comercial de televisão que
inicialmente faz uma pergunta “o que te faz feliz?”, apresentando imagens de
várias pessoas sorridentes ao lado ou utilizando coisas, as quais, evidentemente, poderiam ser compradas (nos referidos estabelecimentos comerciais).
A situação acima
deliberadamente foi mencionada para, inevitavelmente, nos levar a uma
brevíssima ponderação sobre “isso” que chamamos de felicidade. Paramos por
aqui. Felicidade não é um conceito.
É algo de natureza, segundo entendo, absolutamente experimental ou, por outro
lado, obtido a partir da mais pura vivência. E aqui vai uma sugestão: enquanto
Você ACHAR que “um dia” será feliz, assim ficará! Isso porque a (in)satisfação
se estabelece justamente porque
projetamos, para fora de nós, esse sentimento de felicidade, sendo que, em
última instância, é uma ocorrência totalmente interna, não dependente de algo
(ou alguém) que não seja Você mesm@.
Sendo assim, insatisfeito
em um ou alguns ou mesmo em quase todos os aspectos da existência, se pode
estar diante de uma pessoa que literalmente está “morta” para uma determinada
vida, ou seja, sequer percebeu sua própria condição enquanto humana, ou mesmo
quais as suas possibilidades para que contribua não apenas para que supere suas
dificuldades e assim veja que sua situação pode se transformar ou melhorar (do
ponto de vista material, espiritual, moral, entre outros), mas também quanto a
sua inserção na comunidade que faz parte.
Perdida
na vastidão de sua mente, uma pessoa poderá passar toda uma vida sendo escrava
de seus próprios desejos que, se insatisfeitos, poderão trazer sofrimentos dos
mais variados matizes. Uma das grandes questões é também saber como lidar
com o sofrimento, e é justamente para desenvolver uma estratégia para
percebê-lo e eliminá-lo que muitas tradições espirituais, filosofias e, no
ocidente, vários nichos terapêuticos propõem uma série de treinamentos. Mas não
basta apenas perceber e lidar com o sofrimento (“falta de felicidade”?). Cabe,
a tod@s nós, superá-lo. Seja feliz...