segunda-feira, 13 de abril de 2015



Algumas aglutinações são muito felizes. Um bom exemplo é o da palavra superação. Do simples ponto de vista semântico sua origem latina nos informa que se trata de uma ação (ou ato) de “passar acima, elevar-se, atingir o alto”[1] ou, então, de modo mais discursivo, “a superação representa para o ser humano uma barreira ultrapassada, obstáculos vencidos, mesmo com dificuldades. Nos dias atuais é perceptível a olhos vistos profundas e imensas alterações no comportamento das pessoas, quando enfrentam situações de morte na família, ou entre amigos. A palavra superação é de derivação latina superatione, cuja sinonímia representa o ato ou efeito de superar”[2].

Filosoficamente, há interessantes entendimentos sobre o conteúdo ou acepção daquela palavra, como o indica ABBAGNANO (2003), ao dizer que se trata de um termo “usado por Hegel para indicar o processo dialético que, ao mesmo tempo, conserva e elimina cada um de seus momentos (...) Superação, significa, consequentemente, progresso que conservou o que havia de verdadeiro nos momentos precedentes, levando-o a completar-se”[3], dando talvez um sentido tipicamente abstrato mas que, em última instância, não fornece um dado prático, especialmente se considerarmos as exigências que, na contemporaneidade, nos vemos às voltas.

Independente da denotação ou conotação tipicamente enciclopédica, histórica, linguística ou filosófica, não faltam (ou faltarão) exemplos, individual ou coletivamente considerados, a indicar que tal palavra vai muito, muito além de uma mera ultrapassagem de limites. Seja em relação a pequenos obstáculos (físicos ou psicológicos), seja em relação a dificuldades que, ao menos num julgamento inicial, parecerem algo agigantadas ou complexas. Constatamos tal circunstância especialmente em momentos de crise, nos quais geralmente tudo ganha dimensões desproporcionais. E é justamente em tais situações que o verbo super-ar ganha (literalmente) fôlego.

Isso porque, esotericamente, o elemento ar, representa ou está associado, ao mundo das ideias, às concepções, ao que se tem como projeto ou proposta iminente ou num futuro (mais próximo ou mais remoto). E não é coincidência o fato de que há milênios diversas tradições espirituais desenvolveram profundos ensinamentos sobre o controle da mente associado à respiração. Isso porque em situações de grande tensão, medo ou quaisquer outras nas quais nos sentimos (momentânea ou perenemente) em desequilíbrio, nos falta....ar. Justamente por isso é que as variadas técnicas de meditação orientam não apenas para que se controle as emoções, mas, principalmente, para que se estabeleça uma respiração cadenciada e em harmonia com aspectos mais amplos da existência.

Supere-se...



[1]Disponível em http://origemdapalavra.com.br/site/pergunta/pergunta-8609/, acessado em 13/04/2015.
[3]ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 932.  

7 comentários:

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    1. Aliás, não é à toa que vemos TANTAS pessoas com falta de ar em momentos de crise, Alessandra. É de se esperar, visto que o emocional, em tais momentos, tem impacto tão profundo que literalmente ganha espaço físico e, aí, o ar perde seu lugar...Grande beijo!!! :)

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    2. Aliás, não é à toa que vemos TANTAS pessoas com falta de ar em momentos de crise, Alessandra. É de se esperar, visto que o emocional, em tais momentos, tem impacto tão profundo que literalmente ganha espaço físico e, aí, o ar perde seu lugar...Grande beijo!!! :)

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  2. Acho que estou sem fôlego... há muitas coisas no meu íntimo que não consegui super-ar... :(

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    1. Leva-se (muito) tempo, às vezes, Natalia, para que desenvolvamos consciência em relação a um bocado de coisas, sabe? Inclusive para super-armos dificuldades internas.....vá com com calma....mas vá....

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    2. Gostaria muito que a prática fosse tão fácil quanto a teoria (calma, super-ar, enfrentar as adversidades)

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  3. Pois é, Natália. Realmente não é NADA fácil. Aliás, até onde me lembro, ninguém me disse que não seria difícil viver....rsrs....mas é justamente por haver dificuldades que vamos acumulando parâmetros ou critérios para dizermos se estamos ou não avançando, não acha? Basta fazer uma retrospectiva e ver como Você estava há, digamos cinco anos atrás e como está hoje. Se melhorou, viveu (e vive) bem....

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