sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Deus, a Mulher e a Guerra




Acompanhando o vídeo e a melodia da excelente música “Back to Black”, da cantora Amy Winehouse, faço uma pequena homenagem àquela artista, cujo trabalho (infelizmente) só comecei a conhecer após a sua morte, ocorrida no dia 23 de julho deste ano de 2011. Além disso, faço uma brevíssima (pseudo) ode às mulheres, para evitar o panegírico somente no dia 08 de março, o que sempre dá a idéia de que ao eleger um dia específico para louvações qualquer outro não deva merecer o mesmo.


Deus não criou a mulher, nem o homem nem qualquer coisa, mas esse não é o objeto a ser tratado neste texto, o que será feito em breve. Ele tem a principal finalidade de prestar a mais que devida reverência às mulheres, que tiveram que sobreviver, lutar e se colocar num mundo no qual os homens do pós matriarcado estupidamente submeteram o feminino a condições não tão diferentes daquelas de um passado ainda mais longínquo. E na pós-modernidade estruturas das mais variadas formas e conteúdos foram elaboradas, mas fundamental e (agora e às vezes não tão) sutilmente reproduzem a violência e controle que tanto repudia os que participam ativamente da construção de um mundo onde não existam quaisquer formas de opressão.


É quando retomo as lembranças de minhas experiências vividas há dois ou três mil anos atrás, num tempo em que o nem sonhado (e ultra lamentável) “conceito” de “sexo frágil” seria considerado piada frente ao que se descortinava diante de meus olhos. E o que eu via? Nos campos de batalha, nas infinitas guerras entre os clãs e nações, ali estavam, lado a lado, mulheres e homens, bradando escudos e espadas. Para muitas pessoas, pode até soar estranho falar nestes termos, mas era justamente em sociedades nas quais os papéis não eram definidos em limites estreitíssimos (e já sexistas), contidos em frases-feitas como “isso é coisa de mulher” ou “homem não chora”, mas sim em função da condição de seres humanos é que a essência da palavra honra se concretizava em atos.


Isto porque em tais organizações as mulheres não apenas faziam parte de uma organização elaborada com finalidades específicas, a saber, vencer os então inimigos, mas eram a própria voz de comando e de estratégia. Num mundo onde séculos mais tarde o masculino de maneira mais que brutal impôs sob o peso da coação física uma sociedade que se denominou posteriormente de machista, presenciei momentos inimagináveis onde mulheres demonstraram uma coragem que jamais vi em guerreiros experimentados nas mais rudes condições. E isso também não porque estavam sob o comando de um hábil general, mas porque elas mesmas se comandavam e se organizavam de maneira absolutamente inédita e eficiente. E conseguiam tais objetivos porque simplesmente possuíam absoluta destreza na arte da guerra, seja na lança, no arco, na montaria ou no duelo de quaisquer lâminas.


Tais recordações trago em mim, milênios mais tarde, para constatar hoje que aquelas senhoras do combate podem até fisicamente apresentar formas diferentes e comodidades ou, para alguns, frivolidades contemporâneas. Mas basta que haja uma boa razão (ou uma boa luta) para que seu espírito reaja frente ao combate. E ela o faz da única forma que uma guerreira poderia: lutando. É isso que hoje nitidamente observo em um sem-número de mulheres, que diante de homens que sofregamente insistem em pensar ou manter um discurso e uma prática pré-medieval de subjugar ou massacrar o feminino, lhe mostram a ponta da clava (em termos atuais: o próprio discurso ou linguagem) para fazer-lhe frente e dizer que se está diante de um ser de poder.


Por estas e tantas outras é que a morte física de mulheres como Amy Winehouse emblematicamente nos demonstram que ela, como tantas outras, souberam, sabem e saberão lutar a boa luta. Lamentavelmente, as “discussões” giraram em torno de aspectos que nada contribuem para uma percepção profunda, referindo-se à artista meramente como uma “drogada” ou valendo-se de clichês como “uma morte anunciada” ou, pior, e como vi na postagem em uma rede social, “ela teve o que queria (merecia?)”. Vá em paz, Amy. Você já está ao lado de todas as imortais guerreiras do Walhalla!!!


HEY HO!!!


Tulio

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