segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A quimera e nossa atividade interior




Até por experiência própria, nestes últimos tempos (sendo mais específico, neste último ano e meio) tenho tomado um cuidado redobrado em não mais perder tempo com meus devaneios acerca daquilo que é mais importante para a minha vida. Talvez eu possa extender este comportamento e dizer também que seria recorrente em nossas vidas o fato de que insistimos em deter nossa atenção em situações ou pessoas que simplesmente não contribuem de modo algum para a superação de nossas dificuldades. Mas essa constatação, talvez e por sua vez, seja produto de outro fato: a busca por (ou, para muitas pessoas, peleja contra) nossas quimeras.

Quimera é uma figura mítica caracterizada por uma aparência híbrida de dois ou mais animais e a capacidade de lançar fogo pelas narinas, sendo portanto, uma fera ou besta mitológica. Oriunda da Anatólia e cujo tipo surgiu na Grécia durante o século VII a.C., sempre exerceu atração sobre o imaginário popular. De acordo com a versão mais difundida da lenda, a quimera era um monstruoso produto da união entre Équidna - metade mulher, metade serpente - e o gigantesco Tífon.

Com o passar do tempo, chamou-se genericamente quimera a todo monstro fantástico empregado na decoração arquitetônica. Em Alquimia, é um ser artificial (assim como o homúnculo), criado a partir da fusão de um ser humano e animal. Figurativamente ou em linguagem popular mais ampla, o termo quimera alude a qualquer composição fantástica, absurda ou monstruosa, constituída de elementos disparatados ou incongruentes, significando também utopia. A palavra quimera, por derivação de sentido, significa também o produto da imaginação, um sonho ou fantasia (por exemplo: a quimera de ouro).

Pois bem. A sociedade ocidental, sempre às voltas com a competitividade levada às últimas conseqüências, parece desconhecer, faz questão de ignorar ou mesmo desencorajar, ao menos do ponto de vista das instituições, que cada um de nós identifique, enfrente e/ou supere nossos monstros interiores. Aliás, regra geral sequer nos damos conta da importância de tal tarefa ou, quando isso acontece, relegamos a um segundo plano por entender que é bem mais valioso acumular dinheiro para comprar um carro.

O problema é que um belo dia, ao acordar de manhã, alguém se dirige ao seu local de trabalho e, sem saber porque, tem um surto psicótico pelo simples fato de que faltou energia elétrica em sua sala, ficando esta no escuro. Daí, ficamos nos perguntando o porquê disso ter ocorrido sem que atinemos para o que é (quase) evidente: não basta nos tornarmos "senhores do mundo". Fundamental é sermos seres totais, plenos de nós mesmos(as). Tal situação, segundo entendo, começa a ser delineada a partir do momento em que desenvolvermos a definitiva coragem (isso mesmo, coragem!!) de perceber, compreender e, se o caso, superar nossos conteúdos internos identificados como "monstruosos".

Que Você tenha Saúde ilimitada.

Tulio

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