domingo, 21 de agosto de 2011

O Karma e suas implicações - V



Ainda sobre o assunto da terceira panca-sila, muito pode ser dito. E por isso é importante também compreendermos bem do que estamos falando. Quando se fala "sensual" está se referindo, como já dito, aos sentidos que, como já sabemos, para o Budismo envolvem não apenas os cinco tradicionais do ocidente, mas também a mente. Desta forma, nossa relação com o mundo ou, de maneira mais profunda, o próprio mundo é literalmente elaborado (percebido/interpretado) por nossos sentidos e, em última análise, por nossa mente. É o que nos diz Kalu Rinpoche em seu maravilhoso "Ensinamentos Fundamentais do Budismo Tibetano".

Já que o Budismo enfatiza também a questão dos nossos sentidos como meio para que mantenhamos uma prática no caminho à Iluminação, não é de se espantar que os atos, pensamentos e palavras devam ser tão ponderados, por assim dizer. Faz total sentido, visto que tudo em nível ordinário gera karma, ou seja, gera suas conseqüências. Sendo assim, fica um pouco evidente que nossa conduta quanto ao corpo, à mente e todas as decorrências deve ser considerado como importantíssimo.

Uma questão que pode surgir, por se tratar de assunto que chama muito a atenção da maioria das pessoas, a saber, a conduta sexual. Num contexto budista, o que viria a ser considerado como negativo em termos sexuais? É algo a se pensar. Alguns poderiam argumentar que o "ideal" seria não ter relações sexuais. Outros, que a grande quantidade de doenças sexuais da atualidade decorre justamente da má conduta sexual humana, ao longo de milênios. Há parcela de verdade nesses argumentos, mas talvez o ensinamento vá além. Talvez a moralidade passe muito antes pelo próprio desejo, não no sentido de reprimí-lo, mas de elaborá-lo mental e fisicamente, bem como lidar com tal situação de uma forma não-prejudicial.

Tulio


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